16/01/16
Nunca a sociedade precisou tanto de silêncio como hoje, para ouvir a voz divina: Deus nos fala no silêncio! Entretanto, nunca a sociedade foi tão ruidosa como agora! Como entrar num clima de silêncio atualmente?
Vejo o interesse por esse assunto pelos acessos aos nossos blogues que falam sobre isso. São vistos no mundo todo. No fundo, todos ansiamos pelo silêncio.
O gato miando, o rádio do vizinho no último volume, seu filho ou neto berrando uma música barulhenta, o cachorro latindo, irritado com o barulho, a televisão naqueles programas horríveis tipo “zap-zap”, ou programas de “pegadinhas”, em que se faz o outro de idiota!
Esse é o cenário em que muitos de nós nos encontramos diariamente. Como driblar tudo isso?
Bem... Jesus se isolava fisicamente para lugares desertos, mas muitas vezes não dava e aí ele se isolava o meio mesmo do barulho e da multidão (confira em Lucas 9,18: “Jesus, orando a sós no meio dos discípulos...”). Será que nós conseguiríamos fazer isso?
No Antigo Testamento “encontrar-se com Deus” e “ir ao deserto” eram quase sinônimos. Veja Oséias 2,16-17: “Vou levá-la ao deserto e aí falar-lhe-ei ao coração”.
Lucas 7,24-30: “Que fostes ver no deserto?” Se respondêssemos: “Nós fomos ver João Batista, um homem de oração”, estaríamos tão corretos quanto o que Jesus disse: (fostes ver) um profeta, e um mais que profeta”. Ora, o profeta é um homem de oração, que ama o silêncio!
No 11º domingo do tempo comum, São Cipriano, comentando o versículo 11 do salmo 94 (93), diz: “O Senhor ouve nossos pensamentos, e por isso não precisamos orar gritando”! É no silêncio que nos comunicamos com Deus.
Em 1ª Reis 19,9-16, Deus vem até Elias não no barulho do vento, ou do trovão, ou da tempestade, mas numa brisa suave.
Em Lamentações 3,26, lemos: “É bom buscar em silêncio a salvação do Senhor”.
Em Isaías 30,15-18, lemos: “É na conversão e na calma que estaria a vossa salvação”.
Sofonias 1,1-7: “ Silêncio diante do Senhor”!
Na Bíblia vemos pessoas que sentiram necessidade de um lugar mais silencioso para orar, apesar de naquele tempo não haver ainda rádio nem tevê. Veja em Judite 8,5: após ficar viúva, ela construiu um quarto reservado, no andar superior de sua casa, para poder orar em silêncio.
Essa necessidade de silêncio leva muitas pessoas a um erro vocacional: querem entrar num convento ou num mosteiro. Na maioria das vezes, não têm vocação alguma para isso, e “quebram as pernas”. Se não tiverem vocação não dará certo! Vai sentir-se oprimido e entrará em depressão.
Temos que procurar o silêncio no próprio lugar em que vivemos e, como Jesus, de vez em quando fazer dias ou pelo menos uma parte de um dia de “deserto”, isolados de tudo.
Eu tive a graça de Deus por alguns meses num mosteiro do interior e percebi justamente isso: é preciso vocação para viver essa vida. Entretanto, como eremitas autônomos podemos buscar uma vida de silêncio sem necessariamente abandonar a casa ou, como quase eremitas, nem mesmo a família precisamos abandonar.
Não se iluda em procurar se feliz com coisas inalcançáveis! Procure ser feliz, encontrar-se com Deus e fortalecer-se para conviver com os demais, no silêncio do seu quarto, ou de sua sala, ou de seu quintal, ou de uma igreja. É o “silêncio do coração”.
Quando moramos no meio de muitas pessoas barulhentas, barulho horrível de rádio, tevê, conversação gritada, podemos agir mais ou menos assim:
1- As orações mais importantes, fazer no silêncio da madrugada, imitando Jesus.
2- As orações da liturgia das horas e o rosário, fazer em algum lugar silencioso, sob uma árvore, ou caminhando.
3-Quando não se consegue de modo algum livrar-se do barulho, concentre-se na imagem de Jesus ou de Maria e você vai conseguir se isolar, pelo menos espiritualmente
Aprendamos a nos isolar espiritualmente quando não é possível fisicamente! Não é fácil, mas é possível.
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