segunda-feira, 18 de novembro de 2024

A CEGUEIRA ESPIRITUAL


25/09/2018 

Há épocas de nossa vida em que podemos passar por um tipo de cegueira espiritual grave. Se não nos conscientizarmos dela, poderemos perder nosso futuro e até a vida eterna! 

Aconteceu isso com muitos dos santos conhecidos. Um deles é Santo Agostinho, que confessou: “Tarde te amei, ó beleza tão antiga e tão nova, tarde te amei! Eis que estavas dentro e eu, fora. E aí te procurava e lançava-me nada belo ante a beleza que tu criaste. Estavas comigo e eu não contigo. Seguravam-me longe de ti as coisas que não existiriam, se não existissem em ti. Chamaste, clamaste e rompeste minha surdez, brilhaste, resplandeceste e afugentaste minha cegueira. Exalaste perfume e respirei. Agora anelo por ti. Provei-te, e tenho fome e sede. Tocaste-me e ardi por tua paz!” (Confissões, Livro 10, 27. Leia mais no Ofício das Leituras de 28/08). 

“Afugentaste minha cegueira”. Às vezes é preciso algum acontecimento drástico para despertar-nos. É como aquele artigo de Rubem Alves sobre o milho de pipoca, em que ele diz que só o fogo consegue fazer o milho duro virar pipoca macia (Leia o texto todo em https://www.recantodasletras.com.br/cronicas/1769218). 


Agora que descobri isso, ou seja, que estive cego muitos momentos de minha vida e saí da "cegueira", tive esse desejo de repassar a você que me lê neste momento. Não cometa o mesmo erro! Procure, com toda a sinceridade de que é capaz, descobrir os pontos obscuros de sua vida. Isso só se consegue com uma boa dose de realidade do autoconhecimento de si mesmo e com toda a humildade de que formos capazes. Talvez muitas coisas de que nós ouvimos falar de nós próprios são verdadeiras. Nem todas são inverdades ou maldade das outras pessoas. 

Santo Agostinho diz, no trecho citado acima: “Chamaste, clamaste e rompeste minha surdez, brilhaste, resplandeceste e afugentaste minha cegueira. Exalaste perfume e respirei. Agora anelo por ti. Provei-te, e tenho fome e sede. Tocaste-me e ardi por tua paz!”. É uma realidade. Quando conseguimos descobrir nossa cegueira e encontrar o Deus genuíno, verdadeiro, ficamos sedentos e famintos dele. Tudo o que fazemos vemos que não é suficiente para agradá-lo. Percebemos que Deus só se agrada quando paramos de dar-lhe coisas (ele não precisa de nada), e passamos a dar-lhe a NÓS MESMOS, nossa vida, nossos anseios, nossas esperanças. 

Depois que nos curamos de nossa cegueira espiritual, sentimos essa necessidade de nos colocarmos diante de Deus como um sacrifício de suave odor: “Exalaste perfume e respirei”. Quando conseguimos sentir o perfume exalado por Deus, e isso só se consegue depois de descobrirmos as babaquices que estamos fazendo, passamos a não desejar mais outra coisa no mundo senão ser apenas dele, viver para ele, estar a serviço dele. 

As coisas do mundo se tornam obsoletas, ridículas, descartáveis, todas elas, quando, como Santo Agostinho, descobrimos o perfume de Deus. Diz o Salmo 73(72):“Para mim, o que há no céu fora de vós? Se eu estou convosco, nada mais me atrai na terra”! E o próprio Paulo Apóstolo lembra que nós também, se nos santificarmos, seremos o perfume de Cristo: “porque para Deus somos o perfume de Cristo entre os que estão sendo salvos e os que estão perecendo” (2 Coríntios 2,15). 



Tudo isso está dependendo apenas de uma coisa: abraçarmos a humildade, o autoconhecimento sincero de nós mesmos e descobrirmos as coisas que estamos fazendo de modo errôneo e não estamos percebendo que estamos nos colocando à beira do abismo! (Se é que já não estamos no fundo dele).

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